Sobre os embates de Spurgeon com os calvinistas fatalistas de seus dias, há uma obra muito boa: Spurgeon vs. Hyper Calvinists: The Battle for Gospel Preaching (“Spurgeon versus os Hiper-calvinistas: a Batalha da Pregação da Palavra”), 1995, da Banner of Truth. Comentando 1 Timóteo 2.3-6, que afirma que Deus deseja “que todos os homens sejam salvos” e Cristo se entregou “por todos”, escreve Spurgeon: “E então? Tentaremos colocar um outro sentido no texto do que já tem? Penso que não. É necessário, para a maioria de vocês, conhecer o método comum com qual os nossos amigos calvinistas mais velhos lidaram com esse texto. ‘Todos os homens’, dizem eles, ‘quer dizer alguns homens’, como se o Espírito Santo não pudesse ter falado ‘alguns homens’ se quisesse falar alguns homens. ‘Todos os homens’, dizem eles, ‘quer dizer alguns de todos os tipos de homens’, como se o Senhor não pudesse ter falado ‘Todo tipo de homem’ se quisesse falar isto. O Espírito Santo, através do apóstolo, escreveu ‘todos os homens’, e sem dúvida isso quer dizer ‘todos os homens’. Estava lendo agora mesmo uma exposição de um doutor muito apto o qual explica o texto de tal forma que muda o sentido; ele aplica dinamite gramatical no texto e explode o texto ao expô-lo. [...] O meu amor pela consistência das minhas próprias doutrinas não é de tal tamanho a me autorizar a alterar conscientemente um só texto da Escritura. Respeito grandemente a ortodoxia [calvinista], mas a minha reverência para a inspiração é bem maior. Prefiro parecer cem vezes ser inconsistente comigo mesmo do que ser inconsistente com a Palavra de Deus” (SPURGEON, Metropolitan Tabernacle Pulpit, 1 Timothy 2.3,4, volume 26, pp. 49-52).
A teologia pentecostal não é propriamente um constructo de teorias sem fim; ou seja, ela não pretende construir uma nova cosmovisão sobre e da cristandade. Ela é, na sua modesta contribuição, apenas e tão somente pneumatologia, porém qualificada em método, hermenêutica e teologia. E isso não é pouco, especialmente levando em conta a ignorância sobre a pessoa e obra do Espírito Santo no ser humano como indivíduo e como comunidade constituída a partir da Igreja. A teologia pentecostal é, portanto, uma leitura de como, por exemplo, a pneumatologia influencia a forma como a eclesiologia pode ser montada. Não se trata de uma nova eclesiologia, uma nova missiologia ou uma nova hermenêutica, mas de algo que busca entender as implicações de ter o Espírito Santo presente no mundo como o verdadeiro e único vicário (substituto) de Cristo. O fato de Cristo viver entre os discípulos como homem trouxe sérias implicações para eles e para a Igreja Primiti...
Comentários
Postar um comentário