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A maldição do carnaval – origens e razão


Por que o carnaval é maldito? Não se trata de uma festa popular, que arrebata multidões, proporcionando alegria a tanta gente em nosso país? Para que se tenha uma ideia do significado de uma festa, evento ou comemoração, devemos ter em mente quatro aspectos: a origem, os meios, a natureza e os fins ou resultados. Meditemos nesses quatro aspectos, aplicando-os ao carnaval.

Quanto à Origem

Segundo o Dicionário Aurélio, carnaval era “no mundo cristão medieval, período de festas profanas que se iniciava, geralmente, no dia de Reis (Epifania) e se estendia até a quarta-feira de cinzas, dia em que começavam os jejuns quaresmais. Consistia em festejos populares e em manifestações sincréticas, oriundas de ritos e costumes pagãos, como as festas dionisíacas, as saturnais e as lupercais, e se caracterizava pela alegria desabrida, pela eliminação da repressão e da censura, pela liberdade de atitudes críticas e eróticas. (…) Os três dias imediatamente anteriores à quarta-feira de cinzas, dedicados a diferentes sortes de diversões, folias e folguedos populares, com disfarces e máscaras; tríduo de momo”.

Aparentemente, a origem do carnaval não passava de uma “combinação de desfiles e enfeites e de festas folclóricas”,mas, na realidade é uma festa que teve origem e se desenvolveu em festas dos chamados “Ritos de Fertilidade da Primavera Pagã”, oriundos da Festa a Osíris, no Egito. Em Roma, o carnaval teve origem nas Festas das Bacanais, em homenagem a Baco, “deus do vinho”, e na Saturnália em homenagem a Saturno, que era um deus romano. Era considerado um dos Titãs, filho do Céu e da Terra. Diz a mitologia que Saturno recebeu uma foice de sua mãe e matou seu pai para tomar seu lugar entre os deuses. Foi expulso por seu filho Júpiter (Zeus) e fugiu para o Lácio, onde fez reinar paz e abundância.

Naquelas comemorações, era comum a prática de orgias e libertinagem sexual. Nobres e plebeus se uniam, sem constrangimento, dando lugar a fantasias eróticas e sexuais de toda a espécie. Bebedice e glutonaria predominavam entre os foliões.

Em termos resumidos, essa é a origem do carnaval. Certamente, o carnaval nasceu em meio a um ambiente de mitologia, adoração a deuses falsos, e à entrega a um comportamento libertino e lascivo. Em nada, em sua origem, o carnaval condiz com a postura de alguém que se diz cristão. Podemos dizer, sem exagero, que em sua origem o carnaval é maldito.

Quanto aos Meios

Desde sua origem, os meios para a realização do carnaval são duvidosos e carnais. A natureza humana após o pecado tornou-se tendente ao mal, levando o homem a praticar tudo o que não agrada a Deus. Nas bacanais e nas saturnálias, festas-mães do carnaval, dois elementos eram indispensáveis: bebidas alcoólicas e desregramento moral, expresso em licenciosidade e orgias sexuais.

Hoje, não é diferente. Além das bebidas, do exibicionismo de sensualidade ilícita, o carnaval incorporou o uso de drogas, consumidas em excesso na época da chamada “maior festa popular do Brasil”.

O desregramento sexual é tão grande, que o governo do País, receoso do aumento dos casos de Aids, utiliza milhões de reais para financiar a distribuição de preservativos. O carnaval tem sido, no Brasil, a época em que os acidentes automobilísticos ocorrem em número excessivo. O número de pessoas assassinadas ou violentadas é incrementado. Jovens e adolescentes são expostos a situações de violência de modo exacerbado. Muitos casos de violência e mortes, entre os que festejam essa festa maldita, não são noticiados pela imprensa. Casos de estupro e agressões são encobertos “para não prejudicar a festa do povo”.

Dessa forma, os meios motivadores do carnaval são ilícitos e desonestos. Atendem aos instintos mais baixos da natureza humana.

Natureza do Carnaval

Para o fiel, que serve a Deus, tudo em sua vida deve glorificar a Deus. Diz Paulo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10.31). Não podemos vislumbrar no carnaval qualquer coisa que seja para a glória de Deus. O carnaval é de natureza carnal, mundana e diabólica.

É absurdo, para não dizer trágico, que existam crentes de algumas igrejas que formam “blocos de crentes” para “brincar” o carnaval. E procuram usar argumentos racionais para justificar sua participação na festa de Momo. Alguns dizem que estão lá “na avenida” ou no sambódromo para divulgar a mensagem do Evangelho através do carnaval. E dizem que algumas pessoas aceitam Cristo, quando veem o “bloco de crentes” passar.

Trata-se de argumento enganoso. Uma armadilha para pessoas incautas. Na realidade, quando crentes brincam o carnaval, estão avalizando a realização da festa da carne. A mensagem que passam, na verdade, é: “Podem brincar o carnaval. É salutar e desejável. Somos crentes em Jesus e aqui estamos, irmanados com vocês. O carnaval é lícito”. Não podemos ver de outra forma tal atitude, à luz da Palavra de Deus.

Diz ainda Paulo: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade par dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor. Os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5.13,24). Imaginamos que os argumentos de alguns “crentes carnavalescos” podem ser até bem intencionados, mas são todos equivocados, quando confrontados com nossa regra de fé e prática, que é a Bíblia Sagrada.

Resultados do carnaval

Segundo notícias na imprensa, centenas de mortes ocorrerem durante a festa carnavalesca. Não se sabe o número de jovens e adolescentes que se envolvem em brigas e agressões. Não é divulgado o número de adolescentes estupradas.

Como o cristão não adota a máxima de Maquiavel, de que “os fins justificam os meios”, o carnaval, em todos os seus aspectos, deve ser condenado, como festa que causa mais males do que bem, mais tristeza do que alegria, mais pecado do que bons resultados econômicos e sociais.

Os resultados do carnaval revelam as consequências de sua natureza profana e diabólica. Os crentes em Jesus jamais devem participar desse tipo de festa, em que o centro é a carne.

Pr. Elinaldo Renovato

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