Pular para o conteúdo principal

O Fundamento da Fé na Ressurreição (Paul Washer) [23/26]


Por que se julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?  (Atos 26:8)
Os inimigos do cristianismo estão certos quando concentram seu ataque na ressurreição histórica de Cristo, pois toda a nossa fé depende dela. Se Cristo não tivesse sido ressuscitado, então nossa fé seria completamente sem valor.[1] Nós que cremos ainda estamos em nossos pecados e aqueles que morreram pereceram para sempre.[2] Além disso, nós que pregamos a ressurreição somos falsas testemunhas de Deus, porque testificamos que ele ressuscitou a Cristo quando ele não o fez.[3] Por último, se Cristo não ressuscitou, nossas vidas são um patético desperdício. Nós sofremos dificuldades sem qualquer razão, e as pessoas nos odeiam por causa de um falso profeta que não tem poder para salvar. Como o apóstolo Paulo escreve: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”.[4]
Nós mesmos admitimos que a ressurreição é tudo para a fé cristã. Se Cristo não foi ressuscitado, nossa religião é falsa. Portanto, faríamos bem em fazer a nós mesmos uma pergunta muito importante: “Como sabemos que ele foi ressuscitado?” Por que nós cremos? Nas páginas a seguir, nós consideraremos dois meios muito importantes, porém diferentes, que confirmam e tornam conhecida a realidade da ressurreição. Primeiro, o Espírito Santo revela essa realidade através de sua obra iluminadora e regeneradora e, segundo, as evidências legal-históricas que cercam o próprio evento confirmam a ressurreição. O primeiro é absolutamente essencial. O segundo fornece forte confirmação da fé cristã e é uma ferramenta efetiva para diálogo com o mundo incrédulo.

A obra do Espírito Santo

A igreja evangélica frequentemente tenta validar sua fé na ressurreição apontando para o túmulo vazio, a inabilidade dos inimigos de Cristo de apresentar um corpo, a transformação dos discípulos e muitas outras peças de evidência histórica e legal. Contudo, embora tais peças de evidência demonstrem de fato que a fé cristã não é ilógica ou contra-histórica, elas não são a base ou o fundamento da fé cristã. Os fatos a seguir demonstram por que.
Primeiro, os apóstolos não usaram essa forma de apologética em sua pregação.[5] Eles não lutaram para provar a ressurreição, mas para proclamá-la.[6] A confiança deles não repousava em seus poderosos argumentos, mas no poder do evangelho para salvar! Isso é evidente na carta de Paulo aos coríntios:
Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.[7]
Em segundo lugar, a maioria esmagadora daqueles que se converteram ao cristianismo ao longo da história da igreja, incluindo seus maiores intelectuais, não foram trazidos à fé por estudar as evidências históricas e legais da ressurreição, mas por sentar sob a proclamação do evangelho. Em terceiro lugar, se nossa fé na ressurreição é fundamentada nas evidências históricas e legais do evento, como podemos explicar a fé de incontáveis crentes que viveram e morreram por sua fé sem o menor conhecimento de tal evidência? Como explicamos os cristãos tribais, que mal podem ler e são incapazes de oferecer um argumento histórico sequer para a ressurreição? Ele suportará as mais desprezíveis perseguições, até mesmo o martírio, em vez de negar a fé que ele é incapaz de defender logicamente. À luz dessas verdades, devemos concluir que embora as evidências históricas e legais da ressurreição sejam úteis de muitas maneiras, elas não são o fundamento de nossa fé na ressurreição.
Qual, então, é o fundamento da fé do crente na ressurreição? Como ele sabe que Cristo foi ressuscitado? A resposta das Escrituras é clara. Nós devemos nosso conhecimento e nossa fé inabalável na ressurreição à obra iluminadora e regeneradora do Espírito Santo. No momento do novo nascimento, Deus sobrenaturalmente transmite nossa convicção a respeito da realidade da ressurreição de Jesus Cristo e a validade da fé cristã.[8] Nós sabemos que Cristo ressuscitou porque o Espírito Santo iluminou nossas mentes à verdade das Escrituras enquanto elas testificam de Cristo.[9] Consequentemente, nós também cremos porque o Espírito regenera nossos corações, transmitindo fé e novas afeições pelo Cristo que tem sido revelado a nós. O apóstolo Paulo descreve essa obra miraculosa do Espírito da seguinte maneira: “Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo”.[10]
Aqueles que nasceram de novo não podem mais negar a ressurreição de Jesus Cristo mais do que podem negar a própria existência. Pelo decreto soberano de Deus e o testemunho do Espírito Santo, isso se torna uma realidade incontestável para eles.[11] Como os perseguidores da fé rapidamente aprendem: “Para aqueles que foram infectados com a religião de Jesus, não há cura”.[12]
As verdades que aprendemos servem tanto como aviso quanto diretiva. Embora a apologética tenha seu lugar, o reino dos céus avança através da proclamação do evangelho. Homens chegarão à fé — não através da eloquência ou de argumentos lógicos, mas através de nossa fiel pregação da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Nunca devemos esquecer que nossa missão é uma tarefa impossível, e nosso trabalho é um desperdício de tempo e esforços a menos que o Espírito de Deus esteja trabalhando para iluminar as mentes e regenerar os corações de nossos ouvintes. Por essa razão, devemos nos recusar a nos apoiarmos no bordão quebrado da sabedoria humana, e devemos nos apegar à verdade de que o somente o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.[13]


[1] 1 Coríntios 15.14, 17
[2] 1 Coríntios 15.17-18
[3] 1 Coríntios 15.15
[4] 1 Coríntios 15.19
[5] Apologética é uma disciplina da fé cristã que emprega argumentos lógicos ou racionais para defender a fé e demonstrar os erros nos argumentos daqueles que se opõem a ela.
[6] Atos 4.2, 33; 17.18; 24.21
[7] 1 Coríntios 2.1-5
[8] João 3.3
[9] João 5.39; 1 João 5.6-10
[10] 2 Coríntios 4.6
[11] Mateus 11.25: “Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos”.
[12] Diz-se ser este o testemunho dos soldados soviéticos que buscavam fazer os cristãos se desviarem de sua fé no Cristo vivo.
[13] Isaías 36.6; Romanos 1.16
O Poder e a Mensagem do Evangelho (Paul Washer)Extraído do livro 23º capítulo do livro “O Poder e a Mensagem do Evangelho” de Paul Washer, a ser lançado pela Editora Fiel. Tivemos a oportunidade de traduzi-lo e o privilégio de poder compartilhar pequenos trechos de cada capítulo com vocês.
Tradução: Vinícius Musselman Pimentel. Versão não revisada ou editada. Postado com permissão.
© Editora Fiel. Todos os direitos reservados. Original: O Fundamento da Fé na Ressurreição (Paul Washer) [23/26]
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

FACTS: Os Cinco Pontos do Arminianismo

Freed by Grace (to bilieve) Atonement for All Conditional Election Total Depravity Security in Christ Depravação Total “Depravação Total, por sua definição, significa que as pessoas não querem ter nada a ver com Deus; e, na verdade, quando escolhem entre Deus e seus desejos egoístas, elas sempre escolhem contra Deus”. (OSBORNE, Grant R. Romans. [The IVP New Testament Commentary Séries}. Downers Grove, InterVarsity Press, 2004, p.87) O homem foi criado à imagem de Deus, bom e justo, mas caiu de seu estado original sem pecado por meio da desobediência deliberada, tornando a humanidade pecadora, separada de Deus e sob a sentença da condenação divina. “Depravação Total” não significa que os seres humanos são tão maus quantos poderiam ser, mas quer dizer que o pecado afetou cada parte do ser de uma pessoa e que as pessoas agora têm uma natureza pecaminosa com a inclinação natural para o pecado, sendo cada ser humano fundamentalmente corrup...

A Pior Geração de Cristãos de Todos os Tempos - Paulo Junior

Essa geração é a pior geração de cristão de todos os tempos. É a geração de  cristãos  mais fraca, mais débil e mais ignorante que já pisou neste solo. Se você comparar, não quero nem pegar o antigo testamento e o povo de israel, mas da primeira igreja que foi fundada em atos 2 Com onze apóstolos dos originais e mais o apóstolo Paulo até os últimos dois séculos. Essa geração é a geração mais fraca que já existiu. É uma geração que não pode cobrar que uma mulher tampe seu quadril. Não pode cobrar que cubra seus seios. Que isso é difícil pra ela. É caso de se desviar da igreja, se Deus pedir que vista com decência.  E o que Deus pedia para outras gerações? Não era pra vestir uma blusa para tampar o quadril nem os seios! Era para ser mastigado dentro do coliseu por leões. Era pra servir de tocha humana no jardim de nero, q ueimado com cera quente. Era pra ser decapitado por causa do testemunho.  Era isso que Deus cobrava.  Sabe qual ...

Quando o Narcisismo Invade a Igreja: Construindo uma Cultura de Bondade que Resiste a Abusos de Poder

O narcisismo no ambiente eclesiástico representa um desafio significativo para comunidades religiosas contemporâneas. As igrejas, originalmente concebidas como espaços de cura, crescimento espiritual e comunhão, podem inadvertidamente transformar-se em ambientes propícios para comportamentos narcisistas e abusos de poder. Esta investigação examina como o narcisismo se manifesta nas igrejas e, mais importante, como o desenvolvimento de uma cultura de bondade (tov) pode funcionar como antídoto contra abusos de poder, promovendo cura e restauração para indivíduos e comunidades afetadas. A Manifestação do Narcisismo no Ambiente Eclesiástico O narcisismo, caracterizado por uma percepção exagerada da própria importância, necessidade excessiva de atenção e admiração, relacionamentos conturbados e falta de empatia pelos outros, encontra terreno fértil em ambientes eclesiásticos. Pessoas com transtorno de personalidade narcisista frequentemente demonstram uma autoestima frágil por trás de u...